O relógio da vida parado?
O relógio da vida agitado?
O relógio da vida atrasado?
O relógio presente!
As horas para esperar!
Os minutos a somar às horas ou às demoras?
Os segundos a completar as dores, os amores, as fragilidades, os
medos, as perdas.
...Infinitas dores frias, congênitas, calculistas.
O som dos pensamentos conflitantes .
A dor da espera,
a espera da dor.
O sonho acordado,
o pesadelo vivente,
o tormento silencioso,
o despir-se da alma angustiante;
é o dom da vida sendo apreciado,
é a saudade mansa de minúcias.
Somos sempre tocados pelo eu:
o eu do sustento,
do poder absoluto,
a desculpa do homem vaidoso.
O eu já basta, o nós nem tanto.
A tristeza ou a felicidade do esperar;
a sintonia do ser e do transcendente.
O passar dos longos ou efêmeros anos repentinamente,
soam como brisa...
Ao mesmo tempo que refresca, causa febre em instantes.
O percorrer da vida na imagem de seus próprios olhos,
numa simples contagem de tempo.
O resumo das maravilhas da vida,
as vitórias concebidas,
os resultados obtidos,
a trajetória,
do início,
do atual,
a oportunidade de ponderar,
de reviver,
do não julgar,
do não poder escolher,
mas de suprir pelo amor mentes, almas e corações.
A cura pode não ser apenas do corpo, mas o Deus que tudo
encerra,
sabe a hora, o minuto, o segundo.
Conhece cada ínfimo da maravilhosa forma de se amar e ter amado
à vida.
FABIANE ESTANISLAU, 26/04/2019