Vento que sopra no campo árido
Põe a voar algodão de seda
Longe dali pousa serene
Suave e macia... delicada
Nada se firma enquanto sopra
Destino incerto... certo é
Leve e emplumada... Assim é, algodão de seda
Flor roxa de bordas claras, verdes folhas de sangue letal
Poucas raízes, de sabor amargo... inseparável
O vento te leva, mas a ele não pertence
O campo te recebe, mas não te possui
Pelo sangue leitoso do caule te lembras...
Torna-te a voar, pois não és do campo
Volta em teu berço e voa novamente
Pois não és do vento
As raízes amargas te chamam
Te nutrem de tua força
Cresce bela e radiante
Longe dali, o campo e o vento
A soprar... a esperar
Voa algodão de seda
Wilker Azevedo