Eu queria ser
fotógrafo
Não como estes
que fotografam casamentos
Com noivos sérios
e tristes e noivas saindo de limusines;
Mas para
fotografar movimentos de buquês arremessados e a ansiedade e o
falso consolo de quem os apanha.
Eu queria ser
fotógrafo.
Não para
fotografar prédios suntuosos para baneres de agências de turismo
Ou monumentos
mundialmente famosos;
Mas para
fotografar construções que ilustrassem a letra de Chico Buarque.
Eu queria ser
fotógrafo.
Eu amo minha
profissão, mas se não fosse comerciária de magazine
Certamente eu
jamais registraria as belas modelos nas fotos gigantes de vitrine.
Antes, quereria
registrar a espontaneidade desavisada daqueles rostos sem maquiagem
E de seus corpos
sem produção.
Não para
fotografar angulares e bem focadas paisagens;
Mas para
fotografar tortuosidades e ocultas paisagens desfocadas pelo tempo e
pela sedição.
Monte de lixo ou
entulhos amontoados em calçadas de casas em reforma.
Árvores desnudas
no verão e árvores floridas no outono.
Queria fotografar
aquela mão, aquela flor, aquele cotidiano que passa despercebido
Do olhar vago e
perdido na mesmice da vida sem emoção.
Queria fotografar
coisas sem valor algum para a demanda do mercado.
Emoções sutis
traduzidas em pequenos momentos não são para se mercandejar.
Maria Luiza Franco Bisneta
A sensibildade do poeta o transporta através do olhar óbvio e corriqueiro para o sublime, sensível e verdadeiro! Parabéns Luiza Franco! Abraços
ResponderEliminarObrigada! Feliz por estar alcançando pessoas.
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